19 May 2022, 0:00
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Um grupo de antigos investigadores criou o Centro de Investigação de Fenómenos Aeroespaciais (CIFA), em Vila do Conde, no distrito do Porto, que visa estudar fenómenos "extraordinários".
Em declarações à Agência Lusa, Vítor Moreira, um dos fundadores e presidente da CIFA, esclareceu que a intenção é “estudar e investigar fenómenos extraordinários” que ocorrem no país e a sua “validação científica”.
“Não vamos perseguir luzes, nem identificar fenómenos a grande distância”, referiu Vítor Moreira, frisando que o objetivo é tratar “com seriedade” os fenómenos aeroespaciais extraordinários e ajudar a população a compreendê-los.
“Atualmente há necessidade de esclarecer a população e fomentar uma opinião mais equilibrada sobre o que são esses fenômenos”, argumentou, acrescentando que a CIFA “não se baseia em teorias da conspiração”.
Fundada em julho de 2021 por uma equipa de pesquisadores que estudaram esses fenómenos nas décadas de 1980 e 1990, a CIFA é atualmente composta por uma equipa multidisciplinar que inclui advogados, engenheiros, jornalistas e policiais.
A investigação dos fenómenos aeroespaciais desencadeados pelo centro é baseada em arquivos – físicos e digitais – além de documentos e relatórios de outras organizações que vêm sendo coletados “nos bastidores e anonimamente” desde 2018.
Para além da documentação, o trabalho do CIFA assenta também em informação divulgada nos meios de comunicação social portugueses, uma "fonte importante" sobre a qual a equipa irá também centrar a sua atenção, confrontando-a com o conhecimento de outras entidades como o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA).
"Em Portugal existem quase 2.000 registos de acontecimentos extraordinários. Temos histórias de casos muito fiáveis, mas não deixa de ser uma história. Sabemos que narrativas são narrativas e queremos ir mais longe", frisou.
“Queremos posteriormente criar protocolos de colaboração efetiva com a Força Aérea e a Guarda Nacional Republicana (GNR) para chegar aos casos isolados que possam ocorrer no interior do país”, disse, justificando que o objetivo é “agir com celeridade e fazer uma depuração mais eficaz".
Vítor Moreira salientou que a equipa já desenvolveu "um trabalho de avaliação de eventos que foram relevantes no ano passado", que resultou no Relatório Anual de Ocorrências, em que "nenhum caso foi dado como extraordinário", tendo existido uma explicação e validação científica para os 19 eventos avistados.
“Principalmente, a porcentagem de casos explicados envolve tecnologia de drones, bem como vários tipos de balões”, disse o funcionário.
Vítor Moreira salientou que a CIFA espera no próximo ano apresentar “um modelo mais consistente e preciso” dos relatórios recebidos, projetando para 2023 continuar a trabalhar “não com hipóteses, mas com certezas”.
O responsável assegura ainda que já não se põe em questão a existência dos “designados OVNIs”, assegurando que os governos têm interesse nestas “fenomenologias” pela descoberta de “potenciais falhas de segurança do espaço aéreo nacional”, uma vez que “desconhecem a origem e as intenções destes objetos”.