21 Feb 2022, 0:00
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Analistas preveem que o preço do café poderia "testar os máximos históricos" de abril de 2011, na esteira de "preocupações com a oferta", bem como problemas de transporte e seca.
"O preço do café, à semelhança de outros produtos, subiu nos últimos meses. Em bases anuais, os preços do café nas bolsas de valores subiram quase 100%. Este é o resultado de preocupações de abastecimento e grandes problemas de transporte em todo o mundo. As alterações climáticas em curso estão também a contribuir para a ocorrência de um número crescente de anomalias climáticas”, disse à Lusa o analista da XTB, Nuno Mello.
Em jogo estão, por exemplo, secas persistentes ou “altas amplitudes térmicas”, que acabam destruindo as lavouras, como se viu no Brasil, maior produtor mundial de café.
O Brasil foi alvo de geadas prolongadas, seguidas de secas, que levaram ao desaparecimento de muitos cafeeiros, com queda na produção, em relação a uma temporada normal.
Somam-se aos impactos causados pelo transporte, nomeadamente, com o aumento dos prazos de entrega até mais de 100 dias. “O transporte do café brasileiro para o resto do mundo foi afetado, pois os mesmos portos são utilizados para embarque de soja, açúcar ou café”, explicou.
No entanto, os consumidores portugueses não devem ver esse aumento refletido no preço do café, nem mesmo diante do aumento dos custos dos insumos ou da seca.
Nuno Mello explicou ainda que o preço do café em chávena representa apenas entre 1% e 2% do valor total, pelo que o aumento anual dos preços das matérias-primas “não se deverá traduzir em fortes aumentos dos produtos finais”.