7 Mar 2022, 0:00
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O presidente francês falou, no domingo, com Vladimir Putin para "garantir" a segurança das centrais nucleares na Ucrânia e para exigir o fim do conflito, relembrando ao líder russo as regras de tratamento dos civis durante conflitos armados. Ao apelo de Emmanuel Macron, Putin respondeu que “não tem intenção” de atacar as centrais nucleares ucranianas, tendo-se mostrado disponível para continuar a cumprir as regras da Agência Internacional de Energia Atómica (e rejeitando que as forças russas tenham atacado a central nuclear de Zaporizhia esta semana).
Antes, já o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, tinha pedido ao homólogo russo um “cessar-fogo imediato” na Ucrânia, oferecendo-se para encontrar formas de alcançar a paz no país. Mas Vladimir Putin reiterou que "a operação especial", como Moscovo classifica a invasão da Ucrânia, só vai parar se Kiev abandonar a resistência e aceitar as exigências russas. E que exigências são essas? Que a Ucrânia aceite a sua desmilitarização, "desnazificação" e o compromisso de ser um país neutro, sem tentativas de adesão à NATO.
A Ucrânia está disponível para discutir eventuais "modelos não pertencentes à NATO", ou seja, que não passem pela integração na aliança militar transatlântica, mas não está disposta a comprometer a sua integridade territorial.
Entretanto, Putin garantiu a Emmanuel Macron que alcançará "seus objetivos" na Ucrânia "pela negociação ou pela guerra". Macron viu Putin "muito decidido a conseguir os seus objetivos".
Apesar das garantias do Kremlin, a Agência Internacional de Energia Atómica alertou que a Rússia está a pôr em risco segurança da central nuclear de Zaporiyia e que um militar russo está encarregue da gestão técnica da central, o que contraria princípios básicos para o seu seguro funcionamento. O diretor-geral da AIEA apontou ainda um segundo “desenvolvimento grave”, ao explicar que desde domingo há problemas para comunicar com o pessoal técnico de Zaporiyia, porque as linhas de telefone fixo não funcionam, bem como o fax e os correios eletrónicos, e que o contacto por rede móvel é de má qualidade.
Na comunidade internacional multiplicam-se os apelos à paz. O Papa Francisco lamentou os "rios de sangue e lágrimas" derramados na Ucrânia após a invasão russa e pediu o estabelecimento de corredores humanitários. “Esta não é apenas uma operação militar, mas uma guerra que semeia morte, destruição e miséria”, disse o líder católico após a oração do Angelus.
Dos EUA vêm notícias sobre "relatórios muito credíveis" de ataques deliberados a civis e informações de que a Rússia cometeu "crimes de guerra", informou hoje o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken. Os Estados Unidos anunciaram também estar "a trabalhar ativamente" para concertar com a Polónia o envio para a Ucrânia de aviões de guerra russos pedidos por Zelensky.
A oposição interna à guerra mantém se mantém: Pelo menos 3.500 pessoas foram hoje detidas em várias manifestações na Rússia a exigir o fim da invasão da Ucrânia, em resposta ao apelo do líder da oposição Alexei Navalny.