9 Jun 2023, 0:00
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A tempestade Oscar confirmou, mas trouxe apenas uma chuva para a qual já todos se tinham mentalizado e muitos vieram mesmo precavidos com impermeáveis e galochas. E, assim, o festival pôde ser vivido em pleno por milhares de pessoas ávidas da música e do ambiente que o Primavera e o Porto criam juntos há já dez edições.
E o Primavera arrancou com as “Primaveras”, o primeiro álbum de Beatriz Pessoa, naquele que este ano é o palco principal, com o nome “Porto”. Numa edição mais tudo: mais um dia, mais área, mais palcos, mais público, mais oferta, até os fãs que correram para ali verem Kendrick Lamar corresponderam à música mais intimista da portuguesa cujo trabalho tem mão dos músicos brasileiros Mallu Magalhães e Marcelo Camelo.
Depois dela, o convite para a dança nem precisou de ser muito oficial: aos primeiros acordes dos multi instrumentos de Georgia, os corpos soltaram-se, transformando a relva do Parque da Cidade numa pista de dança. E, como a artista britânica disse, a propósito de uma das suas inspirações para uma canção: a “pista de dança pode ser muito importante para dar às pessoas um certo alívio das atividades do dia-a-dia”. Assim voltaria a ser ao ritmo de Alison Goldfrapp ou dos The Comet Is Coming.
Estava dado o pontapé de saída para aquele que muitos já consideram o melhor festival. Com o cair da noite, chegou ao palco Porto o rapper a quem já poucos chamam apenas “o primo de Kendrick Lamar”, Baby Keem. O norte-americano atuou perante uma plateia que sabia bem o seu nome e as letras das músicas. E, se pediu “que as vossas luzes iluminem o céu”, lá estavam os telemóveis em punho. Quando quis “sentir a vossa energia”, o Parque da Cidade correspondeu em saltos.
Se a chuva era certa, maior era a certeza do porquê de este ser o dia mais esperado do festival – e, na verdade, a razão para um dia extra de festival este ano – e a certeza chamava-se Kendrick Lamar.
O senhor Pulitzer, a “referência do hip hop contemporâneo”, “um dos artistas mais influentes da sua geração” voltou ao Primavera Sound, onde esteve, pela primeira vez, em 2014, desta vez com a digressão de “Mr. Morale & The Big Steppers”.
Mas, claro, com direito a todos os êxitos que o coroaram este “Good Kid” no mundo da música - "Humble", "Swimming Pools (Drank)", ou "Bitch, Don't Kill My Vibe"-, aos versos de culto, onde cada palavra conta e ao dueto com o primo, Baby Keem. “Is anybody alive right now?”, quis saber o rapper. Agora. À chuva. Pela noite dentro, até à promessa de Kendrick Lamar de voltar ao Porto.