19 Jul 2022, 0:00
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Moradores do bairro de Massarelos, no Porto, pediram na segunda-feira ao executivo municipal, que faça "de tudo" para que, com a construção na nova ponte do Metro, não fiquem a dormir "debaixo de uma ponte", devido ao traçado daquela construção.
"Façam tudo o que puderem, mas não nos ponham a dormir debaixo de uma ponte", apelou hoje, em lágrimas, Ângela Pereira ao executivo municipal.
Acompanhada do marido, António Pereira, a moradora do bairro de Massarelos reforçou novamente o pedido: "Trabalhamos muito para ficar num buraco".
Também António Pereira lembrou o executivo de que a ponte vai passar por cima da entrada da sua casa, situação que considerou "inconcebível", salientando que os maiores lesados com esta construção "são os moradores".
"É inconcebível que se construa uma ponte com casas por baixo", disse, destacando que as "entidades estão-se a marimbar" para os moradores.
A construção da nova ponte sobre o rio Douro, cujo projeto de conceção foi adjudicado a 03 de março ao consórcio liderado pelo Laboratório Edgar Cardoso, deverá arrancar na "primeira metade do próximo ano.
Depois de terem sido conhecidos os finalistas do concurso, em outubro, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto contestou as soluções encontradas, alegando que lesavam "questões de defesa da paisagem e salvaguarda patrimonial".
Aos moradores, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, assegurou que a posição e altura da ponte "não é a mais interessante para o Porto" e que a decisão da Metro do Porto "não tomou em conta" as suas preocupações.
"Eu sabia que classificar a ponte da Arrábida como monumento nacional faria com que, uma futura ponte tivesse de ficar afastada e ir para cima de outros locais", observou.
Também o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, lembrou que o facto de a quota da nova ponte ser mais alta do que a da Arrábida "implica uma série de conflitos com o bairro de Massarelos e as imediações da via panorâmica entre a Faculdade de Letras e a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto".
Em maio, o presidente da Metro do Porto disse à Lusa que o projetista da nova ponte do metro entre Gaia e Porto está a dialogar com o arquiteto Siza Vieira, autor da Faculdade de Arquitetura, sobre a inserção da nova travessia no Campo Alegre.
"Tem havido um trabalho de articulação próximo entre o nosso projetista, o arquiteto da ponte e a equipa de projeto, com o próprio arquiteto responsável pela Faculdade de Arquitetura, o arquiteto Álvaro Siza, no sentido de afinar a implantação da ponte no lado do Porto, como sempre dissemos", disse à Lusa Tiago Braga.
Segundo o responsável, trata-se de "um trabalho de customização, de pormenor, nomeadamente na inserção no lado do Porto".
O investimento de 1,12 milhões de euros envolve o desenvolvimento do projeto, tendo a Metro do Porto dito que iria trabalhar "em estreita cooperação" com "todas as partes envolvidas", como a autarquia e a Universidade do Porto, para estudar a integração urbanística da nova ponte sobre o Douro.