Mário Ferreira vai tornar-se no primeiro turista espacial português

Está tudo a postos para a partida da missão NS-22, o sexto voo suborbital tripulado da Blue Origin que leva a bordo Mário Ferreira, o primeiro turista espacial português.

É já hoje que o primeiro turista espacial português vai partir à “boleia” da Blue Origin. O empresário Mário Ferreira vai seguir a bordo da missão NS-22 da empresa espacial de Jeff Bezos, acompanhado por Coby Cotton, cofundador do canal DudePerfect no YouTube; a exploradora Vanessa O’Brian; o especialista em tecnologia Clint Kelly III; a engenheira Sara Sabry; e Steve Young, CEO da Young’s Communications.
A 22ª missão do programa New Shepard, que se afirma como o sexto voo suborbital tripulado da Blue Origin, vai levantar voo a partir do Launch Site One da empresa, no Texas, pelas 14h30 (hora de Lisboa). O lançamento pode ser acompanhado através de uma transmissão ao vivo no website da Blue Origin, também disponível no seu canal de YouTube.
Tal como sucedeu em voos anteriores, a missão NS-22 vai transportar os turistas espaciais acima da linha Kármán, que marca o início do espaço de acordo com a convenção internacional, a uma altitude de 100 quilómetros.
A viagem durará perto de 10 minutos e nela os tripulantes terão a oportunidade de sentirem os efeitos da microgravidade antes de regressarem, com a cápsula que os transporta a aterrar com a ajuda de um para-quedas.
Antes de embarcar a tripulação passou por um processo de preparação intenso, como detalhou Mário Ferreira numa recente entrevista à Lusa. "O treino tem sido muito intenso” explicou o empresário. “Ontem [terça-feira] foram 13 horas seguidas, hoje umas 12”.
“O treino nesta fase é muito assente nas questões de segurança e repetição de movimentos", afirmou, acrescentando que os tripulantes já têm noção do tempo e "das forças adversas" que vão sentir no corpo durante a viagem.
No centro do logótipo, a cápsula da missão NS-22 toma o formato de uma bola de basquetebol, representando Coby Cotton e as proezas da equipa do DudePerfect. O painel à direita conta com uma caravela, o símbolo escolhido para representar Mário Ferreira, numa referência aos Descobrimentos.
Os peixes que nadam por baixo da caravela simbolizam Steve Young e a sua paixão pela pesca. Vanessa O’Brian também está representada neste painel, com um símbolo da Fossa das Marianas, aludindo ao feito alcançado em 2020, onde alcançou o Challenger Deep, o ponto mais profundo da superfície terrestre.
Cada um dos membros da tripulação leva consigo cartões postais em nome da Club for the Future, a fundação da Blue Origin que tem como missão inspirar as gerações futuras a seguirem carreiras em STEM “para o benefício da Terra”.
Mas a tripulação da NS-22 não leva só postais. Mário Ferreira leva uma garrafa de vinho do Porto e o motivo não é por acaso. "Queremos ver que alterações poderá sofrer um vintage de 2003, vamos ver se com as forças G e ausência de gravidade, altera sabor, cor, e se existirão outras alterações químicas ou moleculares", detalhou o empresário à Lusa.
"Em breve acredito que existirão resorts orbitais, servirão para turismo e para experiências científicas", afirmou o empresário português à agência noticiosa.
"Este é para mim o primeiro voo daquilo que eu acredito será o futuro das viagens ao espaço. As empresas que tenho conhecido, incluindo esta, têm programas em curso muito interessantes e que não são ficção científica", realça Mário Ferreira.
À parte das questões associadas com a “Operação Ferry”, da qual foi constituído arguido recentemente, Mário Ferreira não tem dúvidas quanto a um possível investimento no setor aeroespacial, mantendo-se “atento a grandes possibilidades que o pioneirismo destes programas têm em muitas áreas": das “telecomunicações muito mais acessíveis” ao “turismo espacial, e obviamente apoio a experiências científicas e desenvolvimento de produtos e materiais".
De acordo com a empresa, as pirâmides no painel superior simbolizam a herança cultural egípcia de Sara Sabry. Ainda no mesmo painel, a carruagem é o símbolo associado a Clint Kelly III, numa alusão ao atravessar de novas fronteiras espaciais.