2 Dec 2022, 0:00
177
Fica na Rua de Santa Catarina, no número 112. As portas abrem às 9 da manhã, mas meia hora antes é frequente encontrar uma fila de espera por uma mesa no Café Majestic. A história começou no dia 2 de dezembro de 1922, como conta César Santos Silva, autor do livro "Cafés do Porto". "O Majestic apresentava-se como o mais luxuoso café da Península Ibérica. A publicidade da época dizia isto. Era um estilo Arte Nova, que já não estava muito em voga na Europa, mas no Porto sim e a cidade ficou deslumbrada".
Com clientes fiéis dos quatro cantos do mundo, este é um ponto de passagem obrigatório para ministros e presidentes da República, para personalidades nacionais e estrangeiras, e para os turistas que visitam, passando por todos aqueles que vão adquirindo o costume de viver o café como ponto de encontro privilegiado de lazer e cultura. E são muitos os que por aqui passam e ficam, extáticos, a admirar tão ornamental e sublime exemplar dos já longínquos anos 20.
Na biografia de J. K. Rowling, escrita por Sean Smith, refere que quando a escritora estava a viver no Porto, passava muito tempo no Majestic a trabalhar no primeiro livro de "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
Igualmente de realçar é o testemunho de um dos visitantes do Majestic que fez referência a um episódio contado pelo seu pai sobre uma visita do Presidente Kubitschek à Confeitaria Colombo (Rio de Janeiro).
César Santos Silva diz que o Majestic é indissociável da história da cidade. "Representa muito o espírito urbano e cosmopolita que o Porto sempre teve e ao mesmo tempo nunca deixou de ser uma cidade provinciana. Inicialmente chamou-se Café Elite e só depois mudou para Majestic. Ao longo do século XX teve sempre uma elite mais intelectual do que económica. José Régio, Gago Coutinho, Beatriz Costa, Sacadura Cabral, são alguns dos nomes que frequentaram este espaço".
Os empregados usam todos jaqueta branca, com botões dourados e calça escura. João Oliveira é o porteiro do Café Majestic, trabalha aqui há 17 anos.