15 Sep 2022, 0:00
135
Já toda a cidade sabe: o Mercado do Bolhão está, novamente, de portas e coração aberto. A partir de hoje, volta a fazer-se o que sempre se fez no Bolhão: tradição.
“Achava que não ia viver para ver o mercado abrir”. Com algumas lágrimas de uma emoção difícil de conter, Aurora Silva não só viveu como veio de Custóias ao Porto de propósito para a abertura do Bolhão.
A partir de hoje, as bancas do Mercado percorrem-se por ruas com nomes que bem poderiam descrever este regresso a casa: Saudade, Alegria, Encontro, Abraços entre antigos e novos comerciantes.
Voltaram as pessoas e os pregões como manda a tradição: “O Bolhão é lindo!”, “O Bolhão é nosso”, uns com mais decoro que outros. E muitas mensagens de agradecimento ouviram-se durante toda a manhã.
Quem também confessa uma “emoção difícil de conter” é o presidente da Câmara do Porto, depois de assumir o toque do sino no Mercado do Bolhão. “Este é o dia que nós queríamos, que toda a cidade queria”, afirmou Rui Moreira.
Depois de anos a vender num local sem as melhores condições, promessas que não avançaram, mais o tempo – quatro anos – que levou até a obra estar concluída, o presidente da Câmara do Porto confessa que “cumprir é uma sensação de ‘valeu a pena’”.
Rui Moreira acredita que, “no fundo, é devolver às pessoas o Mercado. É o momento da cidade do Porto se reencontrar com o Bolhão, consigo própria”. “A cidade hoje entrega a si própria aquilo que é o seu coração. O Bolhão é isto. Só tínhamos visto a parte patrimonial. Agora quero ver isto com pessoas. O Bolhão sem pessoas não faz sentido, não é um museu”, sublinhou o presidente da Câmara.
Ainda que reconheça “o impacto económico para a cidade”, uma vez que os comerciantes terão no renovado edifício “muito melhores condições”, Rui Moreira está convicto de que “há coisas que não compramos”.
“É a nossa alma que está aqui”, reforçou, deixando a mensagem à cidade: “agora o que é preciso é que as pessoas venham cá fazer compras. Agora é que é o tempo da cidade apoiar o Bolhão”.