27 Dec 2022, 0:00
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Segundo o acordo de reestruturação da TAP aprovado pela Comissão Europeia no final do ano passado, e também pelo Orçamento do Estado 2022, o Governo deve transferir a última tranche de dinheiro até ao final de 2022. Ou seja, o executivo de António Costa tem de injetar mais 990 milhões de euros até esta sexta-feira.
"Hoje, na sequência da sua investigação aprofundada e dos comentários das partes interessadas e de Portugal, a Comissão aprovou o plano de reestruturação proposto" – foi assim que a vice-presidente executiva da Comissão Europeia com a pasta da Concorrência, Margrethe Vestager, anunciava o acordo para o “investimento final” do Governo português na TAP.
O apoio - uma transferência a “fundo perdido” e não um empréstimo, como mais tarde recordaria a administração da companhia aérea – seria no valor total de 3,2 mil milhões de euros, feita em duas modalidades: uma ao nível da reestruturação e outra no quadro da compensação dos efeitos da pandemia de covid-19.
Feitas as contas, o Governo português injetou 1200 milhões de euros em 2020, depois mais 360 milhões em 2021 e agora o novo pacote de 990 milhões este ano. Somado, dá 2550 milhões de euros para a “reestruturação” da empresa.
A este valor é preciso somar-se a “ajuda covid”, com 462 milhões de compensação pelo primeiro semestre de 2020, mais 107 milhões referentes ao segundo semestre. Para o primeiro semestre de 2021, a Comissão Europeia aprovou ainda outra injeção de 71,4 milhões. O valor global dos apoios dados à TAP aproxima-se, assim, dos 3,2 mil milhões de euros.
O momento da última transferência do Governo para a TAP cai num momento delicado, com as críticas à gestão da empresa cada vez mais audíveis. Depois de um mês de dezembro marcado por cinco dias de greve dos tripulantes da TAP, a administração da aerotransportadora continua em negociações para evitar mais paralisações previstas para janeiro – só as greves de 8 e 9 de dezembro provocaram perdas de oito milhões de euros, 360 voos cancelados e 50 mil passageiros afetados, admite a TAP.
Agora é a vez de a indemnização de meio milhão de euros da ex-administradora Alexandra Reis, atualmente secretária de Estado do Tesouro, provocar mais frustração entre profissionais da TAP. Numa notícia avançada pelo Correio da Manhã, mais tarde confirmada por Alexandra Reis e Marcelo Rebelo de Sousa, foi revelado que a antiga diretora recebeu 500 mil euros pelo despedimento da TAP, após uma suposta incompatibilização profissional com a atual diretora-executiva Christine Ourmières-Widener. Quatro meses depois do despedimento, Alexandra Reis foi novamente contratada pelo Estado para ser presidente da Navegação Aérea de Portugal (NAV).