19 Sep 2023, 0:00
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A presidente da Comissão de Toponímia do Porto e deputada do movimento independente, Isabel Ponce Leão, defendeu que, com a polémica em torno da remoção da estátua “Amores de Camilo”, perdeu “a democracia, o bom senso e o Porto”.
“Toda esta polémica levantada tomou dimensões nacionais e com isto perdeu a democracia, perdeu o bom senso, foi enxovalhado o escultor, goste-se ou não se goste tem um vasto currículo e obra pública por todo o país, e sobretudo, o que é mais grave, perdeu o Porto”, afirmou Isabel Ponce Leão, durante a sessão da Assembleia Municipal, que decorreu na segunda-feira à noite.
A presidente da Comissão de Toponímia e deputada eleita pelo movimento independente de Rui Moreira considerou ainda que a petição que solicita a remoção da estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição “configura um poder censório”.
“Essa petição assinada pelos tais ilustres e notáveis, que é uma designação que me parece absolutamente pífia e antidemocrática, solicita a remoção da escultura oferecida ao Porto por Francisco Simões (…). É uma censura suspeita porque aparece 11 anos da escultura lá estar e o epílogo de má obra de arte cabe a muitas outras estátuas, esculturas que estão em Portugal e no Porto”, referiu.
A deputada, que há 11 anos esteve envolvida nas comemorações do "Amor de Perdição", considerou também que o argumento de “ofensa ao pudor e dignidade” configura ignorância dos subscritores da petição.
“A escultura homenageia sim, a obra 'Amor de Perdição', cujas heroínas são Teresa e Mariana e nada tem a ver com Ana Plácido, nem na ficção nem na vida real (…). Ana plácido, mulher superior, rir-se-ia de tudo isto”, acrescentou, dizendo ainda não pôr de parte a existência de “interesses submarinos” nesta matéria.
Em causa está a retirada da estátua “Amores de Camilo” do Largo Amor de Perdição, na sequência de uma petição, com 37 signatários, entre os quais artistas, advogados, curadores e políticos, conforme noticiou o jornal Público na quarta-feira.
A escultura, da autoria de Francisco Simões, está instalada há 11 anos no Largo Amor de Perdição e representa o autor Camilo Castelo Branco abraçado a uma jovem nua, retratando Ana Plácido.
Na sequência da petição, o presidente da Câmara do Porto afirmou na sexta-feira que iria, por decisão própria, retirar a estátua, mas horas mais tarde, recuou na intenção porque a doação e instalação da escultura naquele espaço foram aprovadas pela autarquia em 2012.
“Ao contrário da informação que estava na posse do presidente da Câmara do Porto, a doação [da estátua] previa também a colocação da estrutura no Largo Amor da Perdição, doação essa que tinha sido aprovada pelo Executivo Municipal em 2012”, referiu a autarquia numa nota enviada à Lusa.