24 Feb 2023, 0:00
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Cerca de 100 pessoas concentraram-se, na noite de quinta-feira, diante da Torre dos Clérigos, no Porto, numa vigília contra os abusos sexuais na igreja, com Sofia Thenaisie, porta-voz do grupo, a assegurar que ninguém ficou indiferente ao relatório da comissão independente.
“Como cristãos não ficámos indiferentes ao que foi revelado no relatório sobre os abusos sexuais e quisemos manifestar por um lado, o nosso pedido de perdão às vítimas, porque nos sentimos parte de um todo, de uma igreja que é feita de leigos e de consagrados e, ao mesmo tempo, dar sinal à igreja de que não está sozinha neste caminho, que queremos um caminho novo, que não queremos que isto volte a acontecer, que não queremos a ocultação de situações, [mas] um caminho diferente”, disse.
A comissão independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht iniciou a recolha de testemunhos de vítimas em 11 de janeiro de 2022, tendo validado 512 denúncias das 564 recebidas, o que permitiu a extrapolação para a existência de um número mínimo de 4.815 vítimas nos últimos 72 anos.
Na vigília que durou uma hora e onde estiveram desde crianças a idosos e que terminou com um Pai Nosso, segundo a porta-voz, “estiveram vários padres” explicando que a ausência do Bispo do Porto ficou a dever-se ao facto de hoje ser Quarta-feira de Cinzas, e D. Manuel Linda, àquela hora, estar na Sé Catedral na “imposição de cinzas”.
Sobre o simbolismo de a vigília decorrer junto à Torre dos Clérigos, Sofia Thenaisie disse que foi por ser “a igreja central no Porto” e que gostavam que “fosse uma igreja que não pertencesse a uma só paróquia, uma igreja que congregasse todas as paróquias do Porto e também todos os carismas, porque dentro da igreja há várias ordens e sensibilidades e queriam que fosse um espaço que fosse isento”.