4 Apr 2023, 0:00
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Entre outros dossiês, Rui Moreira garante que o projeto de alta velocidade não pode ser deixado para trás, lamentando que na última cimeira ibérica, realizada, recentemente, em Lanzarote, nas Canárias, "só se tenha falado das conexões entre França e Espanha". "A ligação a Lisboa [em alta velocidade] é interessante, mas com a Galiza é fundamental", reconheceu o autarca portuense.
"Não estamos a falar de um comboio direto do Porto para Madrid. Se temos o aeroporto mais importante que pode servir todo o Noroeste Peninsular, Vigo terá de desempenhar o mesmo papel, relativamente ao projeto de alta velocidade", acrescentou o presidente da Câmara do Porto.
Rui Moreira informa ainda na entrevista ao principal periódico da Galiza que já falou com o primeiro-ministro sobre o assunto e que António Costa assegurou que "a ligação à fronteira, em Valença, estará terminada em 2030", mas, para que esteja concluída, "será necessário que os 30 quilómetros para Vigo estejam garantidos, o contrário não seria normal. "Isso, sim, o norte de Portugal não perdoará se a alta velocidade for esquecida até 2030, independentemente de quem governe o país", avisou.
"Entre Espanha e Portugal há uma enorme desconfiança estratégica [sobre o assunto]", concluiu o autarca, para quem "se a Galiza e o Norte de Portugal fossem uma multinacional, já teriam regulado estas questões".
"Este é um tempo de urgências e emergências"
Ao "La Voz de Galicia", o presidente da Câmara do Porto reforçou a ideia de uma aliança estratégica entre Portugal e Espanha, que há dois anos apresentou como Iberolux. Face a uma conjuntura internacional adversa, com a guerra na Ucrânia e a crise energética, Rui Moreira defende que a união entre os dois países ibéricos ganha ainda mais força e deu como exemplo a transição energética. "Dentro de dez anos, a Península [Ibérica] vai produzir mais energia do que aquela que consome". A mudança, sublinhou, deve acontecer agora. "Este é um tempo de urgência e emergências" e "as decisões devem ser tomadas, mesmo com sacrifícios pessoais dos políticos", declarou.
No campo da mobilidade, Rui Moreira aludiu à construção das novas linhas de metro e à transformação que estas obras imprimem na geografia urbana. "A cidade está feita um estaleiro, mas acredito que fiz o que tinha a fazer. Com o compromisso que assumimos de o Porto atingir a neutralidade carbónica até 2030, se não tomássemos agora estas decisões agora, mais tarde não conseguiríamos cumprir", referiu o autarca.
Sobre o turismo, o presidente da Câmara sublinhou a importância que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro tem para toda a região do noroeste peninsular. "O Aeroporto do Porto é o único no Caminho de Santiago, pela quantidade de estrangeiros que chegam para iniciar a rota", afirmou, adiantando: "Quando me convém, venho a Vigo apanhar o avião, mas a Galiza deveria apostar num aeroporto e pela orografia é óbvio que deveria ser em Santiago de Compostela".
Rui Moreira esteve oficialmente em Vigo, na passada sexta-feira, a convite da presidente da Xunta de Galecia em Vigo, Marta Fernández-Tapias Núñez. Além de ter participado no fórum "Vigo-Porto", em que participaram vários dirigentes políticos da Galiza, o autarca encontrou-se oficialmente com o presidente da Xunta de Galecia, Alfonso Rueda Valenzuela.